quinta-feira, 25 de junho de 2020

Resenha: Nada acontece duas vezes - Wisława Szymborska

Oi, beautymores!

Tudo bem? Hoje eu resolvi fazer algo diferente. Em vez de me debruçar em um livro todo, resolvi focar em um só poema. O escolhido foi: Wisława  Szymborska – Nada acontece duas vezes. Nossa autora de hoje nasceu em Kórnik, em 1923, e faleceu na Cracóvia, em 2012, aos 88 anos. É uma crítica literária e tradutora polonesa que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1996.  Tem livros traduzidos e publicados pela Companhia das Letras, entre eles o  “Um amor feliz” que é onde tem o poema selecionado. Então vamos lá para o poema, no final vou fazer uma mini reflexão sobre como me tocou o poema e depois vou colocar um link com uma música para vocês, para não perder o costume de colocar link por aqui hehe

 Wisława Szymborska – Nada acontece duas vezes. 
Nada acontece duas vezes
nem acontecerá. Eis nossa sina.
Nascemos sem prática
e morremos sem rotina.

Mesmo sendo os piores alunos

na escola deste mundão,

nunca vamos repetir

nenhum inverno nem verão.


Nem um dia se repete,

não há duas noites iguais,

dois beijos não são idênticos,

nem dois olhares tais quais.


Ontem quando alguém falou

o teu nome junto a mim

foi como se pela janela aberta

caísse uma rosa do jardim.


Hoje que estamos juntos,

o nosso caso não medra.

Rosa? Como é uma rosa?

É uma flor ou é uma pedra?


Por que você tem, má hora,

que trazer consigo a incerteza?

Você vem – mas vai passar.

Você passa – eis a beleza.


Sorridentes, abraçados

tentaremos viver sem mágoa,

mesmo sendo diferentes

como duas gotas d’água.


Wisława Szymborska, Um amor feliz
É muito complicado tentar interpretar poesia, como eu já disse antes, eu não sou especialista em literatura e nada do gênero, tudo aqui é muito feito no feeling mesmo, eu meio que estou expondo para vocês um pouquinho de mim, do que eu leio e do que eu reflito sobre isso. Enfim, além deste detalhe, também tem a questão que nossas subjetividades fazem a gente interpretar tudo de maneiras distintas, pois cada um carrega dores e marcas diferentes. Espero que vocês sintam um quentinho no coração com essa poesia, ela nos conforta em determinados momentos, viver é muito comprido e dolorido, mas é como a poeta diz, nada é igual, nem os beijos e nem as pessoas, hoje nós somos, o ontem já não temos e o futuro? Esse que não sabemos mesmo. Os dias não são iguais da mesma maneira que nós mesmo não seremos mais iguais, somos multidões dentro de universo se chama EU. Abraçamos nossas particularidades e vamos nos confortar e apreciar hoje ainda que ele seja sufocante, louco, lembre nada será igual, dias melhores virão também. 

O link com uma música  que prometi haha: https://www.youtube.com/watch?v=3TNhCWmITEI

Beijos, 

Nathypintoo

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Resenha: Vozes guardadas - Elisa Lucinda

Oi, beautymores. 
https://drive.google.com/uc?export=view&id=1PYE7lqP4iHAOqqwXNqtyIv1dv2VhVP7m

Confesso que cada dia é mais difícil escolher uma leitura para resenhar aqui, sempre fico muito confusa, são tantas opções haha. Mas hoje resolvi escolher um livro de poesia. De uma poetisa, atriz, jornalista, cantora maravilhosa, a Elisa Lucinda. Ela inclusive escreveu o milionário dos sonhos com Emicida, conhecem? Para não perder o costume de indicar o link para vocês, como não tem podcast hoje, vou colocar no final da resenha o link do vídeo de Lucinda e Emicida. E sem mais delongas, vamos para o nome do livro: Vozes guardadas, da editora Record. 

Sobre o livro, é o resultado de onze anos de trabalho, ela juntou diversos poemas, mais especificamente, juntou dois de seus livros: Jardim de CartasO livro dos desejos. Com as mais diversas temáticas, ela fala sobre amor, raça, autoestima, estação do ano, desejo, enfim, são muitos temas mesmo. E a leitura é muito fluída, a Elisa tem esse poder de pegar as palavras e fazer um arranjo e proporcionar as viagens mais loucas para nós leitores, e convenhamos, em tempos de isolamento precisamos de coisas que nos permita viajar, principalmente em viagens que provoquem afetos tão positivos como a maioria dos poemas desse livro. 

E por fim, vou separar aqui alguns trechinhos para vocês para aguçar a curiosidade pelo livro (acho que não é spoiler porque não se tem spoiler de poesia né?). 

Vou começar pelo o poema que me despertou o desejo de ler o livro: 

“Se não gostar mais de mim

não me responda nada

não me diga nada

não quero que fiquem gravadas

as palavras do não querer se não gostar mim

ninguém precisa saber

nem eu.

Se não gostar de mim seja breve seja zen

silêncio de ioga e Sidartha.

Mas se ainda sonhar comigo, por favor, meu amor,

devolva essa carta.”

Depois que terminei esse poema, fiquei refletindo quantas e quantas palavras de não querer a gente guarda hein? 

 

“Queria não saber nada de Aritmética para não contar os dias que não te vejo. Errar na conta do que falta para você chegar. Enquanto você não vem a aflição me inquieta enquanto o medo me quer estática. Cresci achando que as horas esperadas da vida não tinham nada a ver com a Matemática!

 

“Por mim, pelo gume de minha palavra alta e rouca não se sobreporão fascistas, nazistas, racistas, separatistas qualquer ista, qualquer um que me tente calar, amordaçar minha boca. Não mais haverá prisões, ó grande nave louca, para a minha palavra solta!

“Saudade imensa de tua companhia. Drummond ensinou que a saudade é excesso de presença. Então é isso: tua ausência está presente em mim, tua falta ainda anda comigo pra lá e pra cá. Como se você não tivesse partido. Como se ainda fosse voltar.

 

Poderia citar mais milhares das poesias que tem nesse livro maravilhoso, são 515 páginas! Mas é isso, que as palavras de Elisa provoquem em vocês os mesmos sentimentos positivos que provocaram em mim. Seja falando de amor, saudades, safadezas (sim, tem uns poemas bem safadinhos no meio), cotidiano e dores, a autora consegue provocar as melhores viagens.

 

Link do dia: https://www.youtube.com/watch?v=vgdnbRg92n0


Beijos e até a próxima semana,


Nathypinto. 

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Resenha - O peso do pássaro morto - Aline Bei

Oi, beautymores!

Vocês já devem ter percebido que estou aqui com bastante frequência né? Estamos indo para terceira semana. Outro detalhe, até agora só indiquei autores brasileiros né? Tentarei indicar no máximo possíveis leituras nacionais, isso não é uma regra, até porque consumo vários autores de outros países também. Enfim, só esses recadinhos iniciais e vamos para a resenha da semana.

Confesso que pensei muito sobre qual livro indicar, mas lembrei de um debate que escutei em um podcast sobre o “ O peso do pássaro morto” e resolvi que esse seria o escolhido dessa semana, inclusive, nem se preocupem, no final do texto vou colocar o link para o episódio do podcast. Sim, sim, eu consumo muito podcasts!

                                    

 

Enfim, logo na orelha do livro somos questionados com a seguinte pergunta: Quantas perdas cabem na vida de uma mulher? Vocês já passaram para pensar sobre isso? Quantas e quais dores vocês ainda carregam em si? Acho que o livro trás muito disso, das dores que a personagem guarda somente para si e como isso vai moldando sua vida.

A narrativa conta a evolução da personagem desde os seus 8 anos até os seus 52 anos, conseguimos perceber como a autora Aline Bei consegue realmente transmitir sobre esse crescimento da sua personagem, vemos que por meio das escolhas das palavras e da narrativa parece que de fato estávamos vendo ela crescer e apesar de tantas dores que essa mulher carrega a leitura é super fluída, quando você ver acabou o livro!

Mas como eu disse, os temas não são tão fáceis de lidar, fala de luto, de ser mãe, de ser mulher também, de como é ser e existir nesse mundo de certa forma também. Confesso que é bem difícil falar sobre esse livro sem querer dar todos os spoilers, mas continuarei tentando.

Então, parece que o livro nos ensina muito como é viver a vida apenas guardando e reagindo aos eventos da vida, parece que a personagem não conseguiu viver de fato, que as dores e os pesos que ela guardava a fizeram se perder de si. Aí fiquei até me perguntando como às vezes também somos assim né? Carregamos nossas dores somente para si, por mais que existir é ser sozinho, precisamos lembrar que existir é coletivo. Para quem queremos existir e o quais motivos fazem nos querer continuar existindo? Lembro que uma das primeiras frases que tem no livro Peles negras, Mascarás Brancas do Fanon, ele quando tá falando sobre a linguagem como forma de dominação diz que falar é existir absolutamente para o outro. Claro que ele tá falando em um contexto de opressão onde a língua pode ser também uma forma de colonização, mas quando terminei o livro da resenha de hoje, me questionei a personagem existiu para quem?

Ela aguentou muito coisa só, não falou, levou consigo as suas dores e nos fazer refletir mesmo o quanto de dor uma mulher pode guardar e aguentar.

Vou deixar um trechinho aqui que me marcou muito no livro:“ - o que é morrer? Ela fritando o bife pro almoço. – o bife. É morrer, porque morrer é não poder mais escolher o que farão com sua carne. Quando estamos vivos, muitas vezes também não escolhemos. Mas tentamos”

Me pergunto quando a nossa personagem deixou de tentar ou se alguma vez ela tentou de verdade viver ou foi só reagindo a tudo o que foi acontecendo. O que fiquei questionando e refletindo após o termino da leitura foi: precisamos falar, precisamos sentir, precisamos ser nós! E isso vai além de descobrir de fato quem somos, mas sim do que queremos deixar de ser. Qual a nossa voz e o que ela reverbera. Se estamos vivos, precisamos poder escolher ainda que existir seja todas as contradições possíveis dentro de toda a loucura que estamos vivendo.

O link do podcast: https://poenaestante.com.br/2020/02/28/o-peso-do-passaro-morto-aline-bei/

Beijos e cheiro grande,

Nathy Pinto. 

Renovação de estilo - Anita bem criada

Hello, babys!!!
Como vcs estão? 
Esse post é especial, já faz tempo que não faço um desses por aqui, e queria trazer um pouquinho desse estilo que tenho me inspirado. Descobri o insta dela há pouco tempo (@anitabemcriada) e simplesmente me apaixonei na forma dela de se vestir. O nome dela real é Ana Leticia, ela é advogada e também consultora de estilo. O blog dela (Anita bem criada) foi criado em 2010 pra falar mais sobre o casamento dela e dar dicas sobre esse assunto, mas cresceu em outras áreas e hoje ela fala de tudo um pouquinho lá. Vale a pena conferir! 
Vou colocar aqui fotos que consegui no Pinterest e claro já estão na minha galeria de fotos. 

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1KbX8PZ178ppIscumbl0fnS_66MVtEN5ehttps://drive.google.com/uc?export=view&id=1LtRsTKTiCxIeWTP60Qi98TC8_ehrR2vkhttps://drive.google.com/uc?export=view&id=1RlCEbIhapy0-DvIg8Zky7o0404G1eTb8https://drive.google.com/uc?export=view&id=1RE7pwD_dGWslh-23jXcF_MCfwruqD8vahttps://drive.google.com/uc?export=view&id=1lILOVXov2zaDTbR2pBz2_Sr_p19R27luhttps://drive.google.com/uc?export=view&id=1vbTYJ4nebkXtllAI_eej6OMyDdB7Mo6nhttps://drive.google.com/uc?export=view&id=1I3QbY6x5rMMcE1xsORE-mxWxlZRO2ENrhttps://drive.google.com/uc?export=view&id=1vW2jy3AfWOjKv9NVpIhlmxf93HdMQ6eohttps://drive.google.com/uc?export=view&id=18Lgu-8rY8tI2CD4DQmmEvR0u2o2K3Tughttps://drive.google.com/uc?export=view&id=1Cfb4xU1ZDqWLqyeqizAT1wAH5tr766Ai
Fazendo uma análise retrospectiva do meu estilo percebo que algumas poucas coisas permaneceram, hoje consigo perceber que minhas escolhas estão mais voltadas pro clássico. E vocês? Acham que mudaram o estilo de vocês? 

Espero que tenham gostado! 
Beijinhos, BahG. 

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Resenha - De bala em prosa - Coletânea #AllBlackLivesMatter

Oi, beautymores!
 Voltando para mais um uma nova colaboração aqui nesse blog. Levando em consideração todo o contexto político que estamos inseridos, gostaria de resenhar sobre um livro que fala sobre um assunto muito importante, qual seja: o genocídio da população negra brasileira.
O Livro é De bala em prosa, livro da editora Elefante, que se encontra gratuito. Vou colocar o link no final para todo mundo baixar o seu e-book.

A coletânea de textos começou a ser organizada como uma forma de protesto, após a morte de um músico e um catador de materiais recicláveis no Rio de Janeiro em abril de 2019, e o que ambos tinham em comum? Eram negros e foram assassinados por representantes do Estado Brasileiro. Todos os textos do referido livro são carregados de dor, de vozes que foram silenciadas por muito tempo, de pessoas que conhecem alguém que tiveram suas trajetórias interrompidas. Um dos autores, inclusive, afirma “Escrever é uma maneira de sangrar.” Acrescento: e de muito sangrar, muito e muito…”
Logo nas primeiras páginas do livro encontramos a seguinte descrição: “O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo e a gente não pode acusar o povo de assassino”. Tomados pela revolta, propusemos a publicação desta coletânea para que escritoras e escritores afrodescendentes expressassem, em prosa, suas visões internas do genocídio, do qual as mortes de Evaldo e Luciano — e as reações do Estado e de seus representantes — são apenas mais um triste e doloroso capítulo.”.
Como eu disse é um livro bem denso, afinal fala de um assunto muito delicado, dolorido, que é exatamente o genocídio em caminho no Brasil, e esse projeto já tá ai em andamento há muito tempo, precisamos assumir nossas responsabilidades nessa luta.
“Aqui, a pátria amada mata os seus. O país de todas as cores e santos tem um alvo — e é um alvo preto.”
Enfim, não vou ficar aqui me alongando sobre o como esse livro é importante, são palavras doloridas, mas necessárias nesse Brasil tão hierarquizado e estruturado com racismo, fascismo e outras formas de opressão, não discutir sobre assuntos como esse não é uma opção. Cada vida negra importa.


Cheiro, NathyP