Vamos recapitular um pouco? Já falamos de romance, poesia, racismo, podcast, foi um monte de coisa nesse um mês resenhando aqui para vocês. Espero que vocês estejam gostando, tem sido um grande prazer, pensar e escrever para vocês. São tempos bem loucos que a escrita é uma forma de sentir que estamos fazendo parte de algo, de alguma forma, escrever, falar são desdobramentos que nos fazem sentir vivas e parte de algo maior, muito obrigada por proporcionarem esse sentimento.
E para comemorar esse um mês, pensei em fazer algo diferente.
Vou separar aqui uns trechos de umas músicas e de um livros para vocês.
Primeiro trecho, do livro "Menina Escrevendo como Pai" do João Anzanello Carrascoza, o segundo livro da Trilogia do Adeus, que inclusive, muito muito perfeita, díficil até eleger qual é o melhor dos três, porém, vamos enfim para o trecho que separei para vocês : " E eu, eu não digo nada, eu ia dizer, não é nada, é só a vida, eu ia dizer, é só a vida, a minha e a sua, nossas vidas partindo em velocidade diferentes, eu ia dizer, é a minha vida que ainda é a sua vida que está deixando de ser. Mas eu não digo nada. Naquele momento, e, agora, ao revivê-lo, eu não digo nada"
Esse trecho fala um pouco sobre a finitude da vida, de como estamos todos indo aos poucos, nesse momento de pandemia, falar disso, por mais dolorido que seja é também necessário, quando começamos a perceber o quanto a vida é esse misto entre está e partir aos poucos, começamos a ver tudo diferente, pensamos em todos os nossos afetos e no que de fato vamos dar valor, porque a cada dia estamos deixando de ser de alguma maneira. Louco né? Mas parece fazer sentindo de alguma forma.
Vamos passar para o segundo trecho, dessa vez é uma música, do Cartola, que vou linkar aqui para vocês uma versão linda, de um dueto entre Tereza Cristina e Criolo: https://www.youtube.com/watch?
" Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó"
Nosso terceiro trecho, foi escrito por uma cearense, Rachel de Queiroz, do livro Dora Doralina, acho que depois vou falar mais sobre ele aqui, é um livro tão impactante, dolorido, que fala do sertão, de amores, de família, de mágoas, teatro,nossa é muita coisa mesmo, chega até ser difícil falar dessa obra sem ser prolixa, mas vamos lá para os recortes, acho que vou colocar dois trechos que amo muito : " Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um doer. E eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas. O ruim é quando fica dormente. E também não tem dor que não se acalme- e as mais das vezes se apaga. Aquilo que te mata hoje amanhã estará esquecido, e eu não sei se isso está certo ou está errado, porque acho que o certo era lembrar. Então o bom, o feliz se apaga como o ruim, me parece injusto, porque o bom sempre acontece menos e o mau dez vezes mais. O verdadeiro seria que desbotasse o mau e o bom ficasse nas suas cores vivas, chamando de alegria"
E por fim, o nosso último trecho de hoje, é do livro Amada, da Toni Morrison, um livro que depois conto mais para vocês, terminei recentemente, esse mês ainda e estou digerindo o que foi esse livro, acho que demorei uns dois meses lendo, de tão forte que ele é, tinha que pausar e depois voltar e foi uma viagem bem louca mas vou separar aqui um trecho para vocês:
" Denver mordeu as unhas.” Se ainda está lá, esperando, quer dizer que nada nunca morre.”
Sethe olhou bem para o rosto de Denver: “Nada nunca morre”, disse ela.
“A senhora nunca me contou tudo o que aconteceu. Só que chicotearam a senhora e que a senhora fugiu, grávida. De mim."
Outro trecho: " ..."Vai doer agora". Disse Amy." Tudo que está morto dói para viver de novo". Uma verdade para sempre, pensou Denver. "
Então, beuatymores, acho que era isso, separei trechos que discorrem sobre a dor, vida, morte, afinal, tudo isso se interliga ás vezes mesmo, mas de fato nada nunca morre, pode ser dolorido, e como for... mas sempre que pensamos em algo, ou alguém, enfim, aquela lembrança é sempre um sinal de que aquilo ou alguém ainda é vivo dentro de nós, e enquanto as dores, é como Rachel de Queiroz diz, vai doer sempre, talvez seja até um sinal de que estamos vivos mas devemos lembrar que a vida é feito de misturas, existem momentos de dores mas há também momentos de alegrias, vamos viver essa dualidade, que existe no mundo e dentro de nós, que possamos encontrar momentos mais felizes que doloridos mas abraçemos essa contradição que é viver.
Beijos e até próxima semana,
Nathypintoo.
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